No tempo em que os algoritmos colocam todos em bolhas e nos abastecem sempre com o mesmo tipo de conteúdo que geralmente consumimos, esbarramos com o Legal Design e temos a tendência a achar que tudo é “hype”, palavra de origem inglesa que significa que uma determinada pessoa, ideia ou produto está sendo promovida de forma exagerada, ou, ao menos, com muita ênfase.
Com o Legal Design tenho a impressão que acontece a mesma coisa, mas sei também que fora do eixo Rio-São Paulo, bem como de centros como Stanford, Paris e Londres, pouca gente sabe realmente o que isso significa.
A ideia hoje é mostrar as diversas situações onde o Legal Design pode ser utilizado, e provar que vai muito mais além do que fazer um contrato colorido ou algo do tipo.
O que é o Legal Design?
Em um artigo anterior, que você poder ler clicando aqui. Nós já explicamos que Legal Design é a aplicação dos conceitos de design centrado em pessoas para tornar os serviços jurídicos mais humanos. Utilizáveis e satisfatórios, conforme define Margareth Hagan, professora da Universidade de Stanford e criadora desse conceito.
Em outras palavras, Legal Design é um processo criativo em que imaginamos como será o futuro do direito e desafiamos as formas convencionais e tradicionais de fazer as coisas.
É também uma nova forma de solucionar antigos problemas e inovar: como pensar de forma criativa para criar novos produtos e serviços jurídicos e desafiar o que existe hoje?
Onde utilizar o Legal Design?
Se pensarmos que as pessoas não conhecem os seus direitos. Que o acesso à justiça é limitado e que o poder judiciário é pouco eficiente em resolver as disputas que ocorrem na sociedade. Chegamos à conclusão que há muitos desafios a enfrentar.
No entanto, com o Legal Design, o profissional do direito passa a pensar de uma maneira muito diferente do que era feito antigamente. E assim, adota maneiras estruturadas para entendermos o que pode ser mudado em nosso sistema jurídico atual e criar novas inovações para ele.
Veja abaixo como advogados podem pensar como designers, e assim adotar uma abordagem mais criativa. De mente aberta e colaborativa para solucionar diversos problemas:
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TREINAMENTO E LIDERANÇA
Um dos principais problemas existentes nas organizações jurídicas hoje, seja um escritório ou o departamento de uma empresa, é o conflito entre as diversas gerações. Temos baby boomers convivendo com pessoas das gerações X, Y (ou millennials) e Z.
O Legal Design pode ajudar você a abordar e preencher a lacuna geracional dentro da profissão jurídica. Bem como a treinar uma nova geração de líderes de serviços jurídicos. Que conhecem a tecnologia e como liderar de maneiras estratégicas apropriadas e inteligentes. Especialmente depois que a liderança atual se aposentar.
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MUDANÇA DE CULTURA
Outro ponto crítico dentro das organizações de serviços jurídicos é a criação de uma cultura de inovação. Como o uso de experimentos, pilotos e estratégias.
O Legal Design pode ser utilizado para criar espaços para experimentação. O que é crucial para impulsionar a mudança no mundo dos serviços jurídicos. E também pode dar alguma autonomia para designers, tecnólogos e inovadores que desejam experimentar novas maneiras de fazer as coisas na área do direito.
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Comunicação aprimorada:
Como mencionamos no início, o desconhecimento dos próprios direitos é uma das realidades mais tristes da nossa sociedade. De fato, para a maioria da população, o direito e as leis são um grande mistério. Cujos conhecedores únicos são os advogados.
O Legal Design pode ser utilizado para comunicar melhor o processo legal com os clientes, bem como para educar as pessoas sobre as leis de uma maneira mais eficiente. De forma que as informações jurídicas sejam mais envolventes, compreensíveis e aplicáveis.
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Maior envolvimento
Outra questão que é crítica na área jurídica é o envolvimento. Quem nunca teve a sensação de que aquelas políticas de privacidade imensas foram feitas exatamente para não serem lidas?
O problema é que, o que a empresa mais quer é que aquele seu processo legal seja lido e seguido pelas pessoas. Como é o caso de um regulamento interno de compliance, por exemplo.
O Legal Design pode ajudar você a encontrar formas de incentivar mais as pessoas a dar atenção para as questões legais, seus direitos e obrigações. Bem como a sentir um senso maior de justiça quando se deparam com o seu sistema de normas.
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Melhor experiência do usuário
Pode não parecer verdade, mas em pleno Século XXI, muitos advogados entregam seus serviços de uma forma que não ajuda o cliente. Tais como os longos e intermináveis pareceres legais que mais se parecem com um livro para, ao final, dar uma resposta inconclusiva à dúvida do cliente.
O Legal Design pode te ajudar a entender qual é o caminho certo o seu cliente, como entregar o que ele realmente necessita e deixa-lo mais feliz. Ou como tornar o serviço mais útil e utilizável, assim atribuindo valores que superam a expectativa do cliente.
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Tecnologia mais inteligente com o Legal Design.
Por fim, mas deixando claro que existe muito mais. Tem a questão de como podemos utilizamos a tecnologia de maneiras inteligentes para melhorar a prestação de serviços jurídicos. Podemos pensar, por exemplo, no uso de dados, assistência inteligente e personalização interativa.
E mais básico ainda. Podemos avaliar o que a Internet pode nos proporcionar como ferramenta para aprimorar a entrega de serviços jurídicos. O simples apoio para ajudar as pessoas que pesquisam na Internet para o caminho jurídico correto já oferece um valor enorme.
CONCLUSÃO
Em resumo, podemos até mesmo evitar o uso da expressão Legal Design (se você tiver algum problema com o hype). Mas não podemos negar o fato de que o direito e a justiça foram criados para um mundo que já não existe.
E trazer o direito e a justiça para a sociedade atual, em um formato que realmente realize o seu propósito de pacificar a sociedade. Através da comunicação eficaz sobre quais são as regras que regem um determinado grupo. É o papel mais importante do advogado do Século XXI.
Acontece que muitos tentarão fazer isso sem qualquer metodologia ou experiência. O que vai resultar em muito desperdício de tempo e dinheiro. Enquanto, muitos vão utilizar o Legal Design, não pelo hype. Mas pela comprovada validade dessa metodologia que foi criada na Universidade de Stanford. Já possui diversos cases de sucesso que vamos abordar em um outro artigo.
Mauro Roberto Martins Junior
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